Especial PME – Clínicas médicas aquecem setor

Crescimento do área atingiu 8,3% em 2015, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), com movimento de R$ 139 bilhões

São Paulo – O senso comum de que é preciso manter saúde e aparência, especialmente em épocas de maior preocupação com a empregabilidade, impulsiona franquias de saúde e beleza, dizem consultores.

O crescimento do área atingiu 8,3% em 2015, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), com movimento de R$ 139 bilhões. Segundo a Rizzo Franchising, consultoria com 20 anos de mercado, o segmento tornou-se o primeiro em número de franqueadores, com 409 no total, ultrapassando alimentação, com 406. A pesquisa leva em consideração 25 setores. São do segmento de saúde e beleza 13,37% das franquias brasileiras, ante 13,28% em alimentação.

“Há vários anos saúde e beleza cresce significativamente, mas entendemos que ocorreu uma alta maior em razão das inaugurações de clínicas de baixo custo, modalidade que preenche o espaço criado pela deficiência dos serviços públicos”, observa o proprietário da consultoria, Marcus Rizzo.

Classe C

O negócio é promissor e ainda há mercado a ser conquistado. A sócia da Franquear Consultoria Milena Lidor observa que a saúde vem atraindo mais interessados do que os estabelecimentos que oferecem tratamentos exclusivamente estéticos e de massagens, que costumavam ser a menina dos olhos dos empreendedores na área.

Ainda não há estatísticas em razão de ser fenômeno recente, mas Milena relata ter entre seus clientes hospitais e clínicas que começam a desenvolver modelos de franquias com objetivo de atender a classe C. Sejam empurrados pelo transbordamento do SUS, como analisa o consultor Rizzo, ou por perderam planos de saúde, as pessoas vão em busca de alternativas com preços mais baixos aos dos médicos particulares.

“Para o empreendedor, a grande vantagem é reunir no mesmo local profissionais diferentes, como cardiologistas e nutricionistas, psicólogos e terapeutas ocupacionais e clínicas para idosos, que além de geriatras possuem outras especialidades e serviços. O melhor é que o franqueador não precisa entender de saúde, apenas de gestão.” Uma franquia médica no molde formatado pela Franquear tem valor inicial de investimento a partir de R$ 60 mil.

Clínicas corporativas

Milena afirma que vem crescendo também a procura por clínicas dentro de empresas, como a da Algar Telecom, de Uberlândia (MG), que reúne cardiologistas, nutricionistas e psicólogos, atendendo 22 mil colaboradores. “É vantajoso para a companhia e para o funcionário, que ganha bônus se sua saúde melhorar.” Ela cita ainda microfranquias (a partir de R$ 80 mil), como entrega de remédios e exames em domicilio”.

Entre as novas franquias está a do Instituto Cimas, voltado ao ensino de radiologia médica e veterinária e de exames de imagem. De acordo com o diretor Lucivaldo Santos, o instituto planeja estabelecer 30 novas unidades de franquias em cidades com mais de 700 mil habitantes até 2017. “Em nosso segmento, a crise ajuda o negócio, já que as pessoas buscam maior qualificação profissional.”

Outro fator importante é o crescente envelhecimento da população. Em 2013, a taxa da população acima de 65 anos era de 7,4%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o que representava 14,9 milhões de pessoas. A projeção para 2060 é de 58,4 milhões de idosos.

Misturar serviços médicos e estéticos no mesmo local parece ser a fórmula do sucesso encontrada por algumas franquias, como Emagrecentro Fitness, que oferece academia com acompanhamento médico paralelo. Em operação desde 2010, a rede chegou a 20 unidades no fim de 2015, faturando R$ 6 milhões no ano. A Light Depil, também aberta em 2010, vai na mesma linha: faz serviços de depilação e bronzeamento, sob o crivo de dermatologistas. Possui hoje 30 unidades em funcionamento e faturou R$ 3,6 milhões em 2015.

O franqueador de ambas, Edson Ramuth, relata crescimento de 10% no último ano, impulsionado pelo baixo custo das franquias. O investimento que cabia no bolso foi justamente o que atraiu o franqueado William Miranda Basílio, que abriu uma Emagrecentro em Petrolina (PE). Ele também gostou do fato de existir acompanhamento do tratamento por um médico. “É um diferencial no setor da estética. Sou médico e já fui obeso”, revela.

Outras opções

Há também a opção de investir em lojas de produtos na área de saúde, como a Alergoshop, que surgiu em 2012 a partir da empresa fundada em 1993 para atender necessidades de pessoas alérgicas e cresceu 132% nas unidades franqueadas em 2015. Hoje com seis unidades, vende produtos hipoalergênicos, como capas antiácaro, desodorantes, hidratantes e protetores solares. A marca espera abrir mais 11 unidades franqueadas em 2016.

Há também franquias de serviços ainda desconhecidos pela maioria da população, como o armazenamento do cordão umbilical, cujo objetivo é guardar material genético para uso futuro em algum eventual tratamento baseado em células-tronco. Criado em 2000 no México e instalado no Brasil desde 2009, o Banco de Cordão Umbilical (BCU) armazena mais de 40 mil amostras. O investimento inicial da franquia é de R$ 150 mil e o faturamento estimado de R$ 10 mil mensais.

 

 

Lúcia Helena de Camargo

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